A aurora do dia raiou para encontrar aqueles homens cansados.
Pescadores que há muito haviam se levantado para pescar. Eles saudaram a aurora com desgosto, visto que ela anunciava o fim de uma pesca infrutífera. Entreolharam-se incrédulos enquanto pela última vez recolheram uma rede vazia. Nada. Nem um peixe sequer apanharam.
- Simão, já é hora. Vamos voltar. - Disse André com pesar, ao ver que o Irmão preparava-se para mais uma tentativa. - Não é um bom dia.
Simão soltou o ar com força pelas narinas e seus ombros acompanharam o movimento, retesando-se para baixo.
Optou por recolher as redes.
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Ao chegarem à praia, assentaram o barco com a desenvoltura de sempre. Com a displicência de quem já o fizera inúmeras vezes.
Ambos desembarcaram e já começavam a dispensar compradores que vinham em busca do peixe que não pescaram. A Cada Não, um gosto amargo lhes subia à boca.
Sentaram-se à praia e começaram então a lavar as redes, que em alguns pontos, estava suja, apesar de vazia.
Ambos com os olhos fixos no trabalho, mas mentes distantes, preocupadas, perdidas no porvir.
Ouviram um alvoroço. Ao erguerem os olhos viram uma grande multidão que parecia seguir um homem simples, de estatura média, comum. Não aparentava cargo público, fama ou algo do tipo. Ele era simples, nada muito memorável. Na verdade, só perceberam que o seguiam porque este vinha a certo passo à frente do povo e estes faziam um círculo em volta dele para o ouvirem sempre que ele parava.
O Homem então os olhou e começou a caminhar em sua direção. Os pescadores, antes absortos em seu trabalho, pararam para ouvir o que aquele homem tinha a lhes dizer.
- Senhores - as atenções voltadas para o estranho - bom dia. Ahm.. Poderia lhes pedir um favor, se não for incômodo? Será que poderia usar o vosso barco por alguns instantes enquanto me dirijo ao povo?
Aquela cena era no mínimo curiosa. Como assim usar o barco? Bem, mas fosse como fosse, eles o permitiram.
Seguindo as instruções, afastaram um pouco o barco da Margem do Lago e sentaram-se para ouvir, curiosos com toda aquela situação.
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Após algum tempo, o Homem terminou de ensinar ao povo.
Se houvesse se virado naquele momento, teria visto os Pescadores boquiabertos, sem saber explicar o que acabaram de ouvir. Havia algo de novo, diferente naquele homem. Não era só O QUE Ele dizia, mas a forma COMO dizia também. Havia autoridade na voz dele, havia verdade. Algo novo brotava nos rudes corações daqueles homens há pouco desiludidos.
Jesus se virou para eles e falou diretamente a Simão:
- Leve o Barco para um lugar onde o lago é Bem Fundo. E então você e seus companheiros Joguem as redes para pescar.
Todos se entreolharam.
Simão então tomou a palavra, quebrando o silêncio e disse num meio desabafo:
- Mestre, nós passamos a noite inteira pescando e não pegamos sequer um peixe pequeno - e continuou - Mas, porque és tu quem está dizendo isto, lançarei as redes.
Não havia dúvida nos olhos daquele Pescador. O que ele ouvira foi forte, verdadeiro, altissonante e eficaz em seu interior.
Todos então, apercebidos da realidade, rumaram em direção às águas profundas do Mar da Galileia. Ao chegarem no ponto correto, sem hesitação, tomaram as redes e as atiraram ao Mar que nada os dera durante toda a noite de trabalho árduo.
Ao tentar puxar a rede de volta, não conseguiram. Mais uma vez, e ela parecia emperrada, presa a algo no fundo. Estava pesada demais. Fizeram mais força.
O que viram está registrado como uma imensa quantidade de peixes, de forma que tiveram que chamar outro barco que estava aportado na Praia para ajudar.
Ainda assim, o que é contado é que havia tantos peixes naquela rede anteriormente vazia, que encheram-se os dois barcos, mas de tal forma que ambos quase afundaram.
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Simão, ao ver aquilo, não se conteve.
"Não era possível! Como pode ser Possível!?"
No fundo ele sentia que estava diante de alguém importante.
Então se ajoelhou aos Pés de Jesus e disse clamando: Senhor, afaste-se de mim, porque eu sou um pecador!
Todos que estavam presentes ficaram admirados com o que acabara de acontecer.
"Como pode? Como ele poderia saber exatamente onde os peixes estavam!? E olhem a quantidade! É impossível!"
Então Jesus aproximou-se de Simão e disse: Simão, não tenha medo! Pois de agora em diante você será pescador de Homens.
Então eles arrastaram mais uma vez os barcos para a praia. Mas algo estava diferente. Jesus voltara com Eles.
Então deixaram TUDO e O Seguiram.