segunda-feira, 10 de junho de 2019

Seu Vado

Vou contar uma história
Do Dono da venda, Seu Vado
Que tinha fama de malandro
Caba nervoso, Agitado
Passava o dia cobrando
Falando alto e Gritando
Com os cliente Pindurado

Certo dia seu Vado
Decidiu ir à missa
Quando adentrou as portas
Foi um alvoroço arretado
Pois de todo o povoado
Metade daquela novena
Tava devendo Fiado

O Padre logo começou
Aquela Celebração
Rezou Pai Nosso, Ave-Maria
Falou de Pedro e São João
Só não falou no ofertório
Porque a seu Vado Tenório
Devia mais que ao Cão

Ao final da Celebração
Alma viva não se via
E Quem olhava de longe dizia
Foi velório hoje, ou Missa?

Foi dia de Finado!
Um sabido Respondia
Pois hoje quem veio pra missa
Foi o Dono da Venda, Seu Vado
Look up.

Further up.

Can you see me?

sexta-feira, 1 de março de 2019

O Caçador - Parte 5

Um dia o caçador decidiu sair de sua cabana.

Ela ficava estupidamente apinhada de coisas sem valor e comida seca. E estupidamente posta numa clareira minúscula no meio da floresta.

Bem, talvez não fosse tão estúpido assim.

Após o primeiro surto e com o tempo, o caçador percebeu que já não era o mesmo. Não sentia a dor do esforço diário ao baixar o machado sobre uma tora de madeira, ao retesar o arco durante as caças. Já não sentia o cançaço do esforço que antes lhe era muito custoso.
A dor lhe visitava apenas à noite durante os primeiros anos. Mas de forma pungente.
Era possível ouvi-la gritar em seus ossos e músculos que pareciam expandir sempre que o sol se punha no horizonte desolado.
Isso durou 2 anos.
Nesse tempo, quase todos os dias após desmaiar devido à dor, costumava acordar de pé, num lugar aleatório qualquer do mundo. Geralmente armado, ensanguentado e com uma multidão daqueles seres malditos ao seu redor. Todos mortos. Nunca vira a aparente luta que precedia o seu acordar. Despertava da dor, para o terror.
Mas de alguma forma retornava sempre para a cabana escondida na clareira. Ao seu lugar no mundo.
Não sabendo ao certo como acontecia. Apenas dormia e acordava. Hora em casa, hora na batalha. Mas uma coisa era sempre certa. Não havia um som sequer.
Até que um dia o som de um galho quebrando o despertou do sono.
Clarão.
Sentia o vento com muita velocidade.
Era como se estivesse voando.
Depois queda, muito rápido.
Impacto.
Sem dor. Apenas uma sensação de toque.



Abri os olhos e vi uma mulher linda. Vestida em uma armadura reluzente, prateada. Mas era noite, a lua encoberta pelas nuvens. Não havia o que reluzir. Era como se ela tivesse luz própria.
Abri a boca para falar e de repente ela já estava ao meu lado. 4 metros em menos de um segundo.
- Morra. -  Ordenou-me baixinho Uma voz feminina e doce.
Punhos fechados, senti um leve toque na bochecha esquerda e me vi atravessando a cabana e parando num tronco do outro lado da clareira.
Isso tudo em cerca de dez segundos.
Compreendi que aquilo era uma luta.
Meus sentidos de repente se aguçaram e mesmo com toda a velocidade, pude vê-la a dois metros de mim. Desviei do segundo soco.
Devolvi o terceiro antes que me atingisse.
E o silêncio da clareira retornou mais velozmente do que o soco que o espantara.
Fui até o lugar onde meu punho levou a mulher.
A encontrei desmaiada, o rosto ensanguentado devido ao corte na testa. Ao tentar apanhá-la senti dor. Uma dor que me transpassava o peito.
Literalmente.
Vi um objeto cravado ali. Não era uma espada. Diria que uma lâmina.
- Eu disse, MORRA! - Gritou ela Chutando a lâmina, apinhando-a em meu tórax.
Senti um leve toque no queixo e o vento que o seguiu ao me erguer no ar. A queda indolor empurrou a espada para fora.
A dor já não existia mais.
Decidi que aquilo precisava parar.
Ergui a lâmina, avistei a mulher e tomei a dianteira da luta.
Tentei uma, duas, três vezes e ela se desviou de todos as investidas.
Na quarta, segurou a minha mão que detinha a lâmina. Agarrei seu pescoço com a mão livre e a ergui no ar.
 Apertei com mais força.
- Quem é você? - Minha voz saiu esbaforida, cansada e raivosa.
Ela não conseguiu responder. Tentou me esmurrar, chutar, mas não falava.
Cravei ela no chão, empurrei a lâmina em seu braço direito, quebrei o esquerdo pisando com raiva.
Assentei-me sobre ela e repeti.
- QUEM É VOCÊ!? - Esbravejando.

- Deixe-a! - Disse uma voz atrás de mim.

Aquilo me assustou. Haviam outros. Respirei fundo, levantei calmamente, pisei na perna esquerda até ouvir o som de osso se partindo e só então me virei.

Não havia ninguém.

- Sabe...

Atrás de mim. Nada. Apenas a mulher.

- Você até que é rápido...

Muito próximo, à minha esquerda. Nada.

- Pra um grandalhão.

A dor no peito. Outra lâmina. Arranquei-a.

- E resistente também não é?

Outra dor na perna direita. Removi aquela com certo desespero. "Por que não posso ouvi-lo?" Pensei.

Então Decidi parar para ouvir. Não a voz, mas o silêncio. Onde ele não estava?

Acostumado ao momento de batalha intensa, meus ouvidos buscavam o óbvio. Eu precisava dos mínimos barulhos. Então ouvi. Muito rápido.

Encontrei.

- Abra os olhos, grandalhão. Ainda não terminamos! Hahahgh-..

Senti-o em minha mão direita.

- Aqui. Olhos abertos. E agora? - Falei em tom odioso.

Ele era magro, branco, cabelos verdes, rosto fino, esguio.

Enquanto segurava seu pescoço ele se debatia.

Tomei a fina lâmina que estava no chão e cortei fora os seus pés.

- Pronto. Agora vamos conversar. Quem são vocês!?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Ensaio sobre o amor

Se o amor é um oceano
Quem  faz as ondas?
Puff.. Dane-se né...
Quem se importa  com as ondas?
Elas sempre estão lá.
Mas as pessoas se esquecem
E continuam indo ao mar
Esperando que não hajam ondas
Que não haja desconforto
As vezes acho até que esperam água doce.
Não
O mar é infinito, belo e Salgado
Seja no nascer
Ou ao pôr do Sol
A beleza do início
A nostalgia do fim
E todo um dia entre eles
E Assim é o amor.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Lua de Mel

Praia
Sol
Mar

Areia
Branca
Luar

Friozinho
Montanha
Sonhar

Eu
Você
E um violão
Nossas vozes
Se misturando
Na escuridão
Confusas
Como se o coração
Dos dois
batesse
Num tom só.

Ao meu Velho companheiro Mecatrônico

Aqui estamos
Eu e meu velho companheiro mecatrônico

Ele já não é mais o mesmo este meu velho companheiro
Suas teclas já não são mais as mesmas
Sua bateria, sua reserva de energia já se foi
Retirada como um Apêndice inflamado
Hoje a tomada o dá vida
E ele ainda assim não me deixa
Não me desaponta

Sua memória já não é mais a mesma
Mas ele faz questão de lembrar das coisas importantes para mim
Ele não me desaponta

Já não é mais tão veloz como antes
Mas não me atrasa
Leva tudo em seu próprio tempo e não me desaponta

Fomos ele e eu que demos início a isso tudo
Essas páginas, estas palavras
A Tudo que eu mais amo

Obrigado meu velho companheiro Mecatrônico
Por todos esses anos, por todas essas palavras
Pelo tudo e pelo pouco que Graças a Deus conquistamos.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Não é todo dia

Não é todo dia
que a gente se acorda
pra escrever

Não é todo dia
que a gente se inspira
sem querer

Não é todo dia
que as palavras pulam
de você

As vezes elas correm
As vezes elas fogem
Contentes

Sem querer
você se pega pensando
eu nasci pra isso?

E de repente elas vêm
Urgentes
Pungentes como quem volta com saudades

E te contam verdades
Há muito escondidas
guardadas dentro de você.

Carta do Maníaco: Confusão do fim dos tempos

O dia de hoje é em si mesmo uma verdade absoluta que luta contra dois inimigos com unhas e dentes  Passado e Futuro em uma só mente Presen...