domingo, 22 de fevereiro de 2015

Aquele par de olhos

Quase toda grande história de amor tem o seu começo fadado ao cruzamento de olhares, espontâneo ou não, é ele o responsável por desencadear uma verdadeira sinestesia em nós! Pois bem, pego-me pensando no mistério de um certo par de olhos, que, outrora, me tiraram o sono. Eram firmes, frágeis, eram doces. Indago-me se seriam belos e sou forçado a reconhecer que a beleza se curvaria diante daqueles olhos. Shakespeare parecia os conhecer, não, parecia imagina-los, ao afirmar 'ser comandado à força de um olhar'. Quando Vinicius de Moraes decidiu deixar que nele morresse o desejo de amar certos olhos doces, não contemplara, decerto, ternura igual a tua, pois em ti é que a virtude e a doçura tiveram origem. Que me perdoe Gonçalves Dias, mas os teus olhos são os mais puros, mais belos e de um intenso fulgor, que põe em xeque toda a sua poesia. Sábio fora Machado,quando escolheu os olhos para serem a marca de sua Capitu, já soubera a força que emana de um olhar.
Mas duvido que conhecesse olhos como os teus, que duram mais que a ressaca, que sinceros, implicam em mim o desejo de ser feito teu refém. Larguei meus livros de poesia, seria inútil acreditar que quaisquer deles ousassem descrever olhos tão perfeitos, mudos diante da superação do belo, jungidos à contemplação do inimaginável e subjugados pelo teu esplendor, abandonaram a pena, pois quem seria capaz de registrar o irreal, de capturar em palavras a personificação da beleza? Conformo-me em admirar esses olhos, que nunca serão meus, que cruéis, recusam a devolver-me a paz, que ainda teria, se um dia não os houvesse fitado.

Por: Lara B.

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