Estava eu aqui estudando sobre Human Rights e me senti inspirado. Decidi escrever e eis o que saiu logo abaixo: (perdão pela falta de contexto)
Nada vem do nada e por isso não podemos crer que fora “apenas” a 2ª guerra mundial e
suas atrocidades as responsáveis pela chegada da declaração dos Direitos
Humanos. Mas que toda uma conjuntura de pensamentos, ensinamentos, doutrinas,
leis, interesses, consciência, enfim, uma infinidade de fatores escassos e
espalhados no terreno das gerações passadas foi o que nos trouxe a esse
momento, no século XX, onde pudemos declarar os direitos que, apesar de auto
evidentes, pareciam esquecidos e afogados em ideologias perversas de controle e
dominação. Mas não nos enganemos. Pois foi a custo de muito suor, sangue e
leves penas tintadas, que esses direitos nos alcançaram, ou melhor, os
alcançamos.
A
verdade é que por toda a nossa história há vestígios do que penso ser uma
vontade passiva em direção aos Direitos Humanos. Desde os Hebreus à suméria e o
Egito, Grécia e Roma e até os nossos dias, micro noções destes direitos tão
caros a nós surgiam e sumiam para depois reaparecer sob outra indumentária. Seja
ela de Direitos Naturais, vontade Divina ou Direitos Humanos em si.
No
entanto, durante séculos a história nos conta que vivemos em uma espécie de
Idade das Trevas. Lugar no tempo onde a luz do conhecimento pouco penetrava e
onde uma barreira de preconceitos Virtuosos empatava todo aquele que livremente
pensava. Eram tempos escuros para a Humanidade. Tempos onde o mal, travestido
de bem, impunha sua vontade contra a natureza de todos os homens. Então, o
tempo passou.
No alvorecer do século XVIII algo de incompreensível rodeava o pensamento dos Povos.
Alguns feixes de luz penetravam a noite dos séculos passados, trazendo certa
clareza incômoda e até certo ponto indigesta àquelas mentes. É claro que
qualquer mudança drástica na forma de pensar de um povo não é causada a partir
do nada. Não. Ela é incomodada, incitada ao despertar dos novos tempos, tempos
de renovação, tempos de iluminismo.
Nesta
cronologia de transmutação histórica, é feliz a Historiadora Lynn Hunt ao
trazer em sua obra “A Invenção dos Diretos Humanos: Uma História”, uma
abordagem genealógica tão próxima do ser humano. Pois deixando de lado as
conjunturas históricas de povos espremidos dentro de uma massa uniforme de
pensar e agir, onde as vozes dos grandes pensadores do passado ecoavam
solitárias e absolutas, a autora nos leva ao microuniverso das pessoas que
viviam naqueles tempos, naquele memorável século XVIII. Neste sentido, faz bem
aderirmos a Foucault, que afirmava em sua Microfísica do Poder, sobre a “Genealogia
e a História”, que a Genealogia traduz-se “num indispensável
demorar-se: em marcar a singularidade dos acontecimentos, longe de toda
finalidade monótona; espreita-los lá onde menos se os esperava e naquilo que é
tido como não possuindo história – os sentimentos, o amor, a consciência, os instintos;
...”. E é justamente neste ponto que a narrativa trazida por Hunt, brilha. Pois
quando mergulhamos nas opiniões da população, nos sentimentos daqueles que liam
os romances da época, que expressavam suas opiniões a respeito, ficamos
extasiados com a forma com que as pessoas lidavam com a emoção trazida por
aquelas peças literárias. É palpável nos relatos uma espécie de despertar
inesperado da consciência humana. No identificar-se, no enxergar o outro como
pleno, tão pleno quanto a si mesmo, é que vemos o poder das palavras sobre
aquelas pessoas.
Este poder inenarrável
que se traduz no riscar do papel e em simbolismos diversos, mas que no fim das
contas, nos trouxeram até aqui e fizeram de nós o que hoje somos.
Continua...
Continua...
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