segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Carta de Um Maníaco

Hoje estava caminhando pelas ruas decrépitas de minha cidade, aspirando o odor estonteante das calçadas repletas de lixo e dos esgotos que são como pessoas que necessitam de atenção, pois fazem de tudo para serem notados.
Daí lembrei-me da Célebre frase que ouvi de diversos seres humanos um tempo atrás, “Este lugar Fede”. Não é que não ame minha capital, querido leitor, é que não sou o único a expor esta frustração. Não é que negue a beleza e a importância histórica deste lugarzinho quente. É só que “Fede”. E quanto a isto, não há nada que você, ou outro alguém qualquer, possa me convencer contrariamente.
Mas também há algo aqui que você não encontrará em qualquer outro lugar dessa esfera azul-esverdeada. As pontes, o povo, o calor, as praias, os rios, a gente, a fé dessa gente, o fervor revolucionário, ebulitivo e histórico desse povo, o mal cheiro das ruas, as desigualdades sócio-econômicas, a má educação, a boa educação. Há também os ônibus, mas esses merecem um livro próprio para descrever suas situações grotescas e pitorescas e por que não, sua própria conformação desmiolada de passageiros.
É nesse lugar que eu vivo, e vive um número considerável de Brasileiros e Brasileiras que levantam-se todos os dias desejando o fim do mesmo. Não digo que eles desgostam de sua vida em uma sociedade extremamente patriarcalista, machista e religiosa, não. Eu mesmo, como cidadão dessas ruas decrépitas, tenho um pouco de cada coisa. Mas a cultura deste lugar fedorento as vezes cheira tão mal quanto o próprio. Somos falsos religiosos, somos preconceituosos, pouco humildes e acho que isso já diz basicamente tudo sobre nós.


Observei a situação e fiquei pensando na capacidade de mudar das pessoas. A potencialidade da mudança de alguém. Ora, realmente acredito numa transformação do interior para o exterior. Então um dia pensei: O povo é a matéria viva da cidade. Se o povo muda, a cidade muda. Então decidi. Mudarei a mim e ao meu próximo. O maior problema é que dão a ele a possibilidade de pensar, de escolher. Tirarei isso deles, farei deles como eu. Chamei essa teoria de “Na Forma da Forma”. Fiz. Agora as ruas não cheiram mal. Apenas eu. Mas ninguém percebe. Eles sabem que ao olhar pra mim, será a imagem deles que surgirá. Pois já todos são eu. Agora todos fedem, e a cidade cheira bem.

3 comentários:

  1. Achei muito engraçado o final do post, já que a única excepção do motivo do fedor da cidade é o seu eu-lírico. kkkkkk A auto-estima é uma coisa maravilhosa. kkkkkk
    Em geral, texto excelente. kkkk

    Grande abraço,
    > Sentido Literário <

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    1. kkkkkk Muito obrigado Hay :)))
      Eu tenho um eu-lírico louco... Sabe como é.. kkkk
      Abração :) Da parte não louca de mim kkk :p

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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