Hoje estava caminhando pelas ruas decrépitas de minha
cidade, aspirando o odor estonteante das calçadas repletas de lixo e dos
esgotos que são como pessoas que necessitam de atenção, pois fazem de tudo para
serem notados.
Daí lembrei-me da Célebre frase que ouvi de diversos seres
humanos um tempo atrás, “Este lugar Fede”. Não é que não ame minha capital,
querido leitor, é que não sou o único a expor esta frustração. Não é que negue
a beleza e a importância histórica deste lugarzinho quente. É só que “Fede”. E
quanto a isto, não há nada que você, ou outro alguém qualquer, possa me
convencer contrariamente.
Mas também há algo aqui que você não encontrará em qualquer
outro lugar dessa esfera azul-esverdeada. As pontes, o povo, o calor, as
praias, os rios, a gente, a fé dessa gente, o fervor revolucionário, ebulitivo
e histórico desse povo, o mal cheiro das ruas, as desigualdades sócio-econômicas,
a má educação, a boa educação. Há também os ônibus, mas esses merecem um livro
próprio para descrever suas situações grotescas e pitorescas e por que não, sua
própria conformação desmiolada de passageiros.
É nesse lugar que eu vivo, e vive um número considerável de
Brasileiros e Brasileiras que levantam-se todos os dias desejando o fim do mesmo.
Não digo que eles desgostam de sua vida em uma sociedade extremamente
patriarcalista, machista e religiosa, não. Eu mesmo, como cidadão dessas ruas
decrépitas, tenho um pouco de cada coisa. Mas a cultura deste lugar fedorento
as vezes cheira tão mal quanto o próprio. Somos falsos religiosos, somos preconceituosos,
pouco humildes e acho que isso já diz basicamente tudo sobre nós.
Observei a situação e fiquei pensando na capacidade de mudar
das pessoas. A potencialidade da mudança de alguém. Ora, realmente acredito
numa transformação do interior para o exterior. Então um dia pensei: O povo é a
matéria viva da cidade. Se o povo muda, a cidade muda. Então decidi. Mudarei a
mim e ao meu próximo. O maior problema é que dão a ele a possibilidade de
pensar, de escolher. Tirarei isso deles, farei deles como eu. Chamei essa
teoria de “Na Forma da Forma”. Fiz. Agora as ruas não cheiram mal. Apenas eu.
Mas ninguém percebe. Eles sabem que ao olhar pra mim, será a imagem deles que
surgirá. Pois já todos são eu. Agora todos fedem, e a cidade cheira bem.
Achei muito engraçado o final do post, já que a única excepção do motivo do fedor da cidade é o seu eu-lírico. kkkkkk A auto-estima é uma coisa maravilhosa. kkkkkk
ResponderExcluirEm geral, texto excelente. kkkk
Grande abraço,
> Sentido Literário <
kkkkkk Muito obrigado Hay :)))
ExcluirEu tenho um eu-lírico louco... Sabe como é.. kkkk
Abração :) Da parte não louca de mim kkk :p
Este comentário foi removido pelo autor.
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