terça-feira, 30 de setembro de 2014

Cartas a um Soldado Esquecido - Parte 5

16:00. Base Aérea de Manaus.

O C-130 Hércules que transportava o Sargento pousou.

A armadura de aço abriu sua comporta e logo todos estavam de pé observando a rampa de descida que os levava para fora.

O Sargento se posicionou à frente e foi o primeiro a pisar em solo Amazonense.

O ar que muitos desconhecidos respiraram estava abafado e o calor era latente debaixo de toda aquela indumentária que utilizavam. Algo mais que era notável, o cheiro. O cheiro das árvores e da grama.

Todos saíram do Avião como num coro, sempre erguendo uma das mãos sobre o rosto para aplacar a luz do sol que lhes ofuscava; e logo que punham seus pés em solo firme respiravam fundo a fragrância da natureza.

Tudo estava bem. Não se diria que era uma guerra não fosse pelo movimento irrequieto e contínuo dos Regimentos que passavam continuamente em direção a helicópteros e caminhões que os levaria ao Campo de Batalha. Blindados com suas Lagartas no lugar dos pneus e hélices no lugar do para-choque abriam caminho pela mata densa. Caças abriam caminho pelos ares para os helicópteros que vinham rasgando o silêncio. Ao longe o som de disparos sem fim.

Jonas continuou andando, acompanhando seu Regimento até a ala de dormitórios recém desocupada pelos soldados que já não vivem mais. O lugar já estava sujo e um odor azedo fazia questão de ocupar cada centímetro cúbico de ar. Ventiladores de teto espalhavam o calor e o mal cheiro pelo ambiente. Beliche número 72. Cama de baixo.

Jon deitou-se, passou um tempo olhando pra cima, e dormiu.

Um sono sem sonhos.

21:30.

Acordou-se de supetão quando um jovem Cabo entrou no dormitório e gritou seu nome.

- Não sabe perguntar moleque? - Disse Jon enquanto erguia seu tronco da cama para logo depois se abaixar e pôr o coturno. - Sabe que poderia perguntar a um dos recrutas que vieram comigo, não sabe? - Falou com certo resquício de raiva no tom grave de sua voz.
- Desculpe Senhor - Disse o moço com receio - Mas o Coronel mandou chamá-lo com extrema urgência.
- O que foi agora?
- Não me disse Senhor. Apenas disse que viesse buscá-lo e não retornasse sem o Senhor. - Expressou-se o Cabo, agora em postura ereta, com a cabeça erguida e em posição de sentido.
- Descansar Cabo. Descansar... - Falou Jon com ar soturno enquanto punha seu Quepe e deixava o local.

- Sargento Jonas Park, Senhor. - Uma voz informou.
Jonas entrou na sala de comando.
- Sargento. Não tenho tempo para apresentações. Nossos radares identificaram um grupo, que pensamos ser de aeronaves inimigas, se deslocando nesta direção. Sua missão é simples. Interceptar a frota inteira. Estou mandando dois dos meus melhores pilotos com você. Não nos decepcione rapaz.
- Sim Senhor, Coronel.
- Mais uma coisa. Já entrei em contato com a torre de Porto Alegre. - O Coronel acionou um botão que instantaneamente criou um zumbido estranho até que surgisse uma voz.
- Aos ares rapazes. Tenho vocês comigo. Não se preocupem. E lembrem-se, Pés no chão, olhos nos Ares. - Era a voz de Eliel Sold.

Os três fizeram um murmúrio de concordância e seguiram para as aeronaves.

21:50.

Três homens alçaram voo. Rumo ao destino incerto.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Carta de Um Maníaco

Hoje estava caminhando pelas ruas decrépitas de minha cidade, aspirando o odor estonteante das calçadas repletas de lixo e dos esgotos que são como pessoas que necessitam de atenção, pois fazem de tudo para serem notados.
Daí lembrei-me da Célebre frase que ouvi de diversos seres humanos um tempo atrás, “Este lugar Fede”. Não é que não ame minha capital, querido leitor, é que não sou o único a expor esta frustração. Não é que negue a beleza e a importância histórica deste lugarzinho quente. É só que “Fede”. E quanto a isto, não há nada que você, ou outro alguém qualquer, possa me convencer contrariamente.
Mas também há algo aqui que você não encontrará em qualquer outro lugar dessa esfera azul-esverdeada. As pontes, o povo, o calor, as praias, os rios, a gente, a fé dessa gente, o fervor revolucionário, ebulitivo e histórico desse povo, o mal cheiro das ruas, as desigualdades sócio-econômicas, a má educação, a boa educação. Há também os ônibus, mas esses merecem um livro próprio para descrever suas situações grotescas e pitorescas e por que não, sua própria conformação desmiolada de passageiros.
É nesse lugar que eu vivo, e vive um número considerável de Brasileiros e Brasileiras que levantam-se todos os dias desejando o fim do mesmo. Não digo que eles desgostam de sua vida em uma sociedade extremamente patriarcalista, machista e religiosa, não. Eu mesmo, como cidadão dessas ruas decrépitas, tenho um pouco de cada coisa. Mas a cultura deste lugar fedorento as vezes cheira tão mal quanto o próprio. Somos falsos religiosos, somos preconceituosos, pouco humildes e acho que isso já diz basicamente tudo sobre nós.


Observei a situação e fiquei pensando na capacidade de mudar das pessoas. A potencialidade da mudança de alguém. Ora, realmente acredito numa transformação do interior para o exterior. Então um dia pensei: O povo é a matéria viva da cidade. Se o povo muda, a cidade muda. Então decidi. Mudarei a mim e ao meu próximo. O maior problema é que dão a ele a possibilidade de pensar, de escolher. Tirarei isso deles, farei deles como eu. Chamei essa teoria de “Na Forma da Forma”. Fiz. Agora as ruas não cheiram mal. Apenas eu. Mas ninguém percebe. Eles sabem que ao olhar pra mim, será a imagem deles que surgirá. Pois já todos são eu. Agora todos fedem, e a cidade cheira bem.

Cartas a um Soldado Esquecido - Parte 4

Ao escrever, perdeu a noção do tempo.
Pensava, não estou disposta a deixar meu Deus. Mas ainda posso mostrar o quanto Ele é bom.

Escreveu as Cartas com avidez. As palavras pareciam brotar de suas mãos trêmulas. A mão na Pena, a Pena na tinta, a Tinta no Papel e no Papel uma infinidade de palavras que vinham de locais desconhecidos por ela. Havia algo de diferente naquela manhã. Havia algo maior do que ela, maior do que seu sentimento.

Eram 06:05 da manhã. Os dois estavam distantes, separados por Quilômetros de Estrada. Ela encontrou uma pequena caixa de madeira fina, que abria como uma boca, e que havia comprado há pouco para colocar alguns objetos pessoais. Estava numa estante na sala de estar, logo ao lado da entrada da cozinha. Tomou rapidamente a caixa e pôs um livro dentro e embaixo do livro, as cartas. Tomou o cadeado, inscreveu algo nele com a ponta da chave do carro e trancou.

Correu para o veículo. Eram 06:15 da manhã e ela deveria se apressar. Foi o mais rápido que pôde. Chegou lá às 06:27, a tempo de encontrar com um velho amigo do casal, melhor amigo de Jonas. Capitão Eliel Sold, Comandante do 2º RAB.

- Eli! Eli! - Começou a gritar com desespero quando o viu ainda na área comum, visto que todos já haviam deixado aquela área e se encaminhado aos transportes.
- Jeniffer? - Disse Eliel com certo espanto ao vê-la ali.
- Oi! Olha... Não me leve a mal, mas preciso entregar isto a Jonas. - Disse apressadamente e ofegante devido a corrida. Apresentou a caixa raquítica.
- Ao Jon? Mas... - Falou com incerteza.
- Sim Eli! Não me pergunta nada... Por favor! Me deixa passar! - Disse. Os olhos marejados e suplicantes.
- Não posso Jeniffer... Até quero. Mas olha toda essa gente. - Disse apontando para as inúmeras famílias presentes ali para dar um último adeus a seus bravos soldados.
Ela olhou ao redor. Aquela multidão. Todos estavam ali por aqueles que amavam. Aqueles que lhe fariam mais falta do que agora podiam imaginar. Mas ela havia se atrasado, e já era tarde. E foi essa consciência que a fez chorar amargamente. Seu rosto branco se tornou de um vermelho forte. Sua mão subiu até a boca para tapar o amargor que vinha de dentro dela, algo que lhe embrulhava o estômago e não encontrava palavras para se expressar. As lágrimas vieram logo depois.

06:30. O rugir das turbinas arrancou-a do torpor.

- Jeniffer... Olha. Eu não posso te deixar entrar. Mas posso ao menos fazer alguma coisa por vocês? - Disse Eliel estendendo a mão e pondo-a num de seus ombros.
- Pode entregar isso a ele..? - Disse ela enxugando as lágrimas já abundantes em seu rosto.
- Posso sim. - Disse Eliel tirando vagarosamente a caixa das mãos trêmulas de Jeniffer. - Posso fazer isso agora mesmo. Tenho que alcançá-lo. Você vai ficar bem?
- Vou sim... Só entrega a ele... E não diz que fui eu quem mandou. Diga apenas que é "Pras horas difíceis".
- Tá bem. - Disse Eliel enquanto se afastava Dela e ia ao encontro Dele.
Ela observava enquanto Eli ia embora. Baixou a cabeça Tentando se despedir do marido. Como se mesmo distante ele pudesse sentir que ela o amava. Que estava ali por ele. E essa era a maior prova de seu amor. O próprio amor que sentia.

- "Ei! Sargento!" E foi assim que tudo começou.

domingo, 28 de setembro de 2014

Cartas a um Soldado Esquecido - Parte 3

06:30 da manhã. Silêncio.

Então ouvem-se as primeiras vozes confrontando este ser gélido e estático que grita aos ouvidos de quem teme a noite escura e vazia. O silêncio é trincado por estas vozes. Mas é estilhaçado pelo rugir das turbinas dos aviões de transporte que se preparam para levar de seus lares todos aqueles homens e mulheres que deixam para trás vidas, e nessas vidas saudades eternas.

O 1º Sargento Jonas Park, do 2º Regimento Aéreo Brasileiro (2º RAB) caminha em meio a essa multidão. É apenas mais um, que a Mãe Pátria conclamou para servi-la, para cumprir seu dever como filho resignado.

"Amor à Pátria!" - Gritavam os Veteranos ao ouvido daqueles que caminhavam para longe do Lar.
E alguns, como forma de compreender o sacrifício que faziam por sua "Mãe Gentil", cantarolavam baixo, para si mesmos - "Ou Deixar a Pátria Livre, Ou Morrer Pelo Brasil..." - Ela contemplava admirada seus "filhos" que verdadeiramente Não fugiam à Luta e caminhavam rumo ao desconhecido.

Ainda o mesmo Frio persistia e se aprofundava nas roupas e nas carnes daqueles soldados. Alguns já batiam os dentes e o restante tremelicava sem parar. O vento Sul, que caía Úmido e Gelado, os castigava ainda mais, e após quinze minutos se ouvia um barulho comum de pés saltitando e corpos se mexendo, como numa dança folclórica, para expulsar o frio. A cena era, de certa forma, cômica.

- Ei! Sargento!
Jonas olhou para o lado, com cara de poucos amigos. - Capitão... - deixou que a reverência escapasse de forma subalterna e insatisfeita.
- Rapaz, que cara é essa? Até parece que tá indo pra guerra sem esperança de algum dia voltar pra casa... - Disse o Capitão, sorrindo e "tentando" amenar a sensação de desconforto causada pelo momento.
O lado esquerdo dos lábios do 1º Sgt. Park se ergueu firme, insinuando um pobre sorriso, e logo após retomou a seriedade anterior e o tremelicar desordenado.
- Ok. Direto ao Ponto não é? Fui convocado a permanecer aqui na Base para auxiliar a torre com as estratégias de combate aéreo. Resumindo, fui escolhido para ser seus olhos quando eles o enganarem e mesmo quando o forem fiéis.
- Ah é? E o que aconteceu com o "não importa o que aconteça cara... vou sempre estar aqui." ?
- Jon! Qual a melhor forma de eu sempre estar próximo a você? Digamos que eu fosse ao combate, e liderasse o seu Regimento nos Ares. O que aconteceria se eu fosse abatido? Quem você teria para te guiar e auxiliar em batalha? Você seria o próximo! Acredita em mim meu chapa. No chão é melhor. "Pés no Chão, Olhos nos Ares" - Disse o Capitão Eliel Sold repetindo os dizeres de batalha do 2º RAB.
- Pés no Chão, Olhos nos Ares. - Repetiu Jonas desanimado.
- E mais uma coisa. - Remexeu a bolsa à procura de algo. Puxou uma caixa de madeira fina, cuja tampa abria e fechava como uma boca. A caixa estava trancada com um cadeado pitoresco. E ele disse - Pras horas difíceis... - Entregando a chave.
Jonas tomou a caixa em suas mãos, abriu sua mochila, e a pôs cautelosamente em meio àquela mistura de itens de sobrevivência. Eram um Kit de primeiros socorros no fundo, uma caixa com suprimentos alimentares à esquerda, uma pequena pistola encaixada em um bolso à direita onde também continham algumas munições, e um vazio no meio, que foi preenchido por aquela caixa de aparência simples e grotesca.
- Pras horas difíceis. - Repetiu Jonas como sinal de afirmação, e seguiu para o avião com a cabeça baixa.

Ela não se importa mais. - Pensou. - Não fez nada... Não se importa. - E assim como Jeniffer ele chorou. Lágrimas grossas e silenciosas, que continham toda a tristeza de um coração abandonado.

07:00 da manhã. O avião partiu. Jonas partiu.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Cartas a um Soldado Esquecido - Parte 2

Jeniffer chegou em casa e estranhou a escuridão. O cachecol enrolado em volta do pescoço, um calafrio lhe subiu pela espinha. Fazia frio. Adentrou com cautela, Jonas deveria estar dormindo. Acionou o interruptor que ficava na entrada da casa e caminhou lenta e despreocupadamente até o quarto para vê-lo deitado, descansando. Encontrou a cama desarrumada, os lençóis ainda entronchados, como se alguém tivesse acabado de acordar. Algumas roupas íntimas dele, que não estavam ali pela manhã, atiradas ao chão. O Closet aberto e vazio, não por faltarem roupas, mas por faltar uma peça principal, a farda do Sr. Park. 

Olhos abertos, pupilas dilatadas, temendo pelo pior ela caminhou até a cozinha. O café da manhã intocado. O bilhete atirado em cima da mesa estava úmido. Ao virá-lo encontrou o seguinte: "Parto amanhã às 07:00. Se ainda se importa conosco venha e traga-me uma prova de que realmente me ama. Desista dessa loucura e te perdoo." Ass.: Jonas Park.

Com os braços caídos amaçou o bilhete com força. Sabia do que se tratava. As lágrimas brotavam em seus olhos como orvalho e caiam ao chão sem amparo. Sem um ombro que as retivesse. Chorou por longas horas aquela noite. O bilhete não largava de suas mãos já machucadas pela força das unhas contra a pele. Se agarrava àquilo como uma mãe que não quer largar o corpo de um filho que se foi. Ela sabia que não o veria mais. Deitada em sua cama, Jeniffer começou a balbuciar, como nas Escrituras havia feito "Ana", rogando a Deus pelo impossível. E ali adormeceu. Sem um Sacerdote para lhe recriminar, ouvir ou abençoar. Ela e Deus. Deus e ela.

Ao amanhecer, acordou-se como de um susto. Uma ideia havia iluminado sua mente. Ela daria a ele uma prova de seu amor. Uma prova irrefutável de seu amor.

Eram 04:27 da manhã, ainda estava escuro. E ela começou a escrever.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Cartas a um Soldado esquecido - Parte 1


Numa manhã chuvosa de Sábado, acorda o senhor Park. Sargento Park. Ele se levanta de sua cama, sente o chão frio, atravessa a sala de estar, caminha até a cozinha para tomar um copo d’água. O café da manhã posto na mesa e um bilhete posto na geladeira o recepcionam; o bilhete dizia: “Precisei sair mais cedo hoje pra trabalhar. Espero que você tenha um bom dia. Te Amo!” Ass.: Senhora Park. Ps.: se precisar de qualquer coisa me liga!

- Hummpf.. - Soltou, com ar desgostoso - Eu que não sirvo a esse teu Deus.. - Disse, falando pra si mesmo.

O casamento não ia bem. Havia pouco tempo, coisa de um mês, que a senhora Jeniffer Park havia ido a uma igreja e se convertido. O que até poderia ser algo bom, caso seu marido não fosse ateu e determinado a combater o cristianismo e "a Deus", como ele costumava dizer. Ela, tentando explicar o caso ao marido, disse que, quando entrou, só tinha a intenção de visitar aquele lugar porque sentia saudades da infância com seus pais, quando ia à igreja todo Domingo. Mas após as músicas que ouvira, e a pregação do Pastor, algo dentro dela se convenceu de que aquilo era o certo, pois agora sentia uma paz que havia muitos anos não experimentava.


Ele se sentiu traído, pois casou-se com uma mulher cética e liberal, que não se importava muito com as coisas, e que levava a vida da forma “correta”, que havia desafiado os próprios pais para ficar com ele. E agora o que via era apenas uma crente, uma “alienada” que não sabia dizer outras coisas senão "Jesus te ama" e que "A vida é melhor com Cristo"... 

– Não quero você em minha casa! Não uma crente! Vá lá e desfaça tudo! - Gritava com raiva. - Esse povo maluco que vive falando Jesus pra lá e pra cá! Ooora! Basta ter que vê-los na TV dia após dia implorando por dinheiro! E agora minha própria esposa!? – ele disse.

Ela sempre tentava amena-lo dizendo - Fiilho... Calma! Nada mudou. A única coisa diferente é que agora eu quero ser uma pessoa melhor. Pra Deus e pra você. Ainda te amo do mesmo jeito... E ainda mais.

Ele não se dava por satisfeito, e gradativamente ia esfriando a relação, até chegar àquele ponto, Naquele dia chuvoso, quando já não falava ou tocava mais nela. 

Naquela manhã de sábado, o 1º Sargento Jonas Park encontra uma carta, obviamente posta com desleixo por debaixo da porta, salpicada de gotas de chuva, onde estava escrita sua convocação pela força aérea para auxiliar sua pátria a combater o avanço inimigo nas terras ao Norte.

"É o meu fim", pensou resignado. Suas lágrimas caíram sobre aquela carta. E já não se sabia o que era chuva e o que eram lágrimas. Mas não importava. Ia à guerra, e não voltaria nunca mais. Ao menos era o que as probabilidades diziam.

Eram tempos difíceis.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Quem é Você, Alasca?


Lá estou eu, folheando as estantes da livraria, a procura de uma nova história capaz de me impactar e me deparo com esta aqui. Uma história que de início não me pareceu muito promissora, mas que ao correr das páginas ia crescendo e tomando uma dimensão que eu não esperava. Quando menos espero me pego ali, lendo sem parar, sem conseguir parar.
Marco a força que uma história tem sobre mim através das páginas. Se sempre sei em que página estou, tem algo errado com a leitura. Mas quando me perco e já não sei onde estou no livro (pois isso não mais importa) é que sei o quanto a história está boa. E foi exatamente isto o que me ocorreu.

O General (Chip), Takumi, Lara, o Gordo (Miles) e Alasca. Essas personagens de personalidades tão fortes criam essa história que ficará marcada em mim por um bom tempo.
E não só isso...
A busca do Grande Talvez, O Labirinto, os Trotes, as Paixões e as Amizades.
A rebeldia da adolescência, as provas do colégio, os professores chatos e carrancudos.
O livro tem um pouquinho de cada adolescente. Um pouco de cada um de nós.
De quem somos, de quem já fomos e o Grande Talvez logo adiante.
E enfim, o labirinto de onde temos que sair. Ou permanecer?
Recomendo a leitura a todos que se interessarem, ainda que pouco.

Resumindo em uma frase, eu diria que é Intenso, do início ao fim.

Vale a pena! Vale a Tinta! Vale até fazer a Caneta.

domingo, 21 de setembro de 2014

Viagem ao Centro da Terra - Júlio Verne é uma (Resenha)

Sejam bem-vindos fãs de Chuck Norris! Esse livro foi feito pra vocês.
Júlio Verne, em sua estrogonófica sabedoria, foi o idealizador deste ser indestrutível.
Deste humanóide incapaz de ser abalado. Capaz de passar uma semana sem uma gota d'água, capaz de resistir a um furacão e a forças desconhecidas de nossa natureza interior. Capaz de ver o impossível e manter-se imutável.
Meus parabéns Verne. Você conseguiu! Você Criou as bases da América!



Esta obra, senhoras e senhores é fruto de uma mente brilhante, de uma Sagacidade gigantesca e de uma imaginação pitoresca. Obra de  um completo e perfeito ilusionista. Que mostra sem mostrar, que mente falando a verdade, que chega sem nunca ter ido. Exatamente como o que vos escrevo. Hehehe.

Este livro do nosso querido Júlio, pai da ficção científica, pode ser chamado de simplista (fantasiosamente falando) por qualquer um corajoso o suficiente, já que há economia na fantasia e demasiado emprego (constante e até causticante) de dados científicos. Mas isso é ruim? Não vejo assim. Sabendo quem é o autor e compreendendo o contexto social em que vivia, isso não é de se espantar.
No ano de 1864 ocorreu a publicação desta obra. Época em que os livros serviam a apenas um propósito: à verdade e nada além da verdade. Era inconcebível a criação de uma obra que fugisse a essa crivo. Mas Verne rompeu essa barreira e consolidou-se como escritor de ficção. No entanto, como homem de seu tempo, ainda tinha seus "carrapichos", se é que podemos chamar assim a presença dos demasiados dados científicos presentes no livro, que às vezes dão a impressão de que o autor tenta, através deles, atestar certa "veracidade" a sua obra. Isto também nos dá certa sensação de que aquilo, de alguma forma, aconteceu. Por isso o chamo de ilusionista.
Mas é quando eles de fato adentram na Jornada ao Centro da Terra, que a  presença dos dados começam a se justificar a nós que hoje lemos. Cada possibilidade e impossibilidade é explorada "ao seu extremo", na medida do possível e do acessível, é claro. Pois os dados acompanham cada passo, cada respiração, cada fato descrito. Sem eles, essa obra seria vazia, sem vida. Eles justificam a obra e a ficção contida nela.

Agora... Chuck Norris:
Quando a Jornada verdadeiramente começa, conhecemos dois Chuck Norris e um aprendiz. Esses seres humanos extraordinários me lembraram de minha infância, quando já no fim do jogo, pra zerar Sonic, tinha cerca de 47 vidas. Nesse ponto, nada poderia me deter. Eu era praticamente imortal, imbatível. E é assim que acontece nessa Hiestória. Nada, mas NADA MESMO, pode parar esses caras. Não considero isso uma falha, (até porque, quem sou eu pra apontar falhas no grande Júlio?) mas uma forsaçãozinha de barra pra a Hiestória funcionar direito.
Bem...
No fim, tudo...
Bom... Sintam-se a vontade pra descobrir.
Muito obrigado a todos que chegaram até aqui. Um grande abraço pra vocês.
Espero ter despertado o espírito de explorador dentro de vocês. Vamos ao Centro da Terra!?

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Conhecimento e Experiência. Sob o meu ver.



O conhecimento é formado em nós a partir da experiência. Nosso dia a dia, nossas conversas, aquilo que ouvimos, que vimos, que sentimos, tudo isso faz parte da experiência, tudo isso faz de nós o que hoje somos.

Aquele livro que lemos ontem, aquele beijo, ou abraço, ou carinho que fizemos/recebemos, tudo isso faz de nós nós mesmos.

Mas há outras formas de conhecer. Através da analogia por exemplo, pode-se “criar “novos conhecimentos”. Mas voltamos a um ponto primordial. O que nos levou à analogia? Não foi a experiência? Isto nos leva a questionar: será que tudo e absolutamente tudo é apreendido em algum ponto devido à experiência?

Ora sentimos frio, ora calor. As vezes temos medo, e as vezes coragem. Mas o que nos leva a temer, ou a sermos corajosos? E as definições de frio e calor, a partir de onde vieram? Tudo me leva a crer que tudo parte e depende da experiência. Logo, nada é novo, tudo já foi, em algum ponto, experimentado. E tudo é criado através da experimentação.

O celular por exemplo, veio à tona para suprir a nossa conhecida necessidade de comunicação. Mas já foi, em algum ponto, experimentado por nós. Tudo o que fizemos foi aperfeiçoar aquilo que tínhamos. Aumentamos seu alcance e sua disponibilidade.

Quanto àquela necessidade, eis algo a se dizer (tudo faz parte de um panorama maior, não se sinta perdido, vá em frente J ): Necessitamos de comunidade porque necessitamos de comunicação (juntos somos mais fortes, certo?). E cada vez que criamos uma comunidade, criamos também uma necessidade de manter a mesma informada. Pois agora não são só aquelas poucas pessoas de sempre. Agora há cada vez mais e mais pessoas. Então precisamos de uma forma de falar a todas ao mesmo tempo, como se estivéssemos falando apenas a uma.

Começamos apenas informando, mas a necessidade da resposta do outro permanecia ali, tão viva quanto sempre foi. E lutamos cada vez mais por essa possibilidade em nossa história. Então, aquela ideia do celular sempre esteve ali, mesmo que primitiva, desde o grito, desde as mãos fazendo concha para alcançar um número maior de pessoas. O celular sempre esteve ali, primitivo, em nossa experiência. (Uso o celular como exemplo simples. Mais como um guia de raciocínio para nos facilitar a cognição deste conteúdo).

E a eletricidade? Não é algo que veio da experiência do homem, concordo. Ou que preexiste como que extintivamente em nós, certo? A eletricidade é, então, um caso à parte?

A resposta, em minha humilde opinião é: Não. Pois ela não foi “criada” como o celular. Ela foi descoberta. E coisas descobertas precedem a nossa experiência. Logo, concluo: “Não há nada de novo debaixo do sol.” Não há nada “criado” que, em algum ponto, devido à nossa experiência, não já tenhamos imaginado ou vivido. Mesmo que de forma primitiva. A ideia sempre esteve ali, e através da experiência fomos capazes de conquista-la. E aquilo que não é criado, é além de nós. Podemos apenas descobrir e usar em nosso favor. (Ou contra nós).


Espero ter sido claro na exposição do tema. Caso sim, muito obrigado pela atenção de todos. Caso não, sintam-se livres pra perguntar. Qualquer dúvida, crítica ou questionamento são muito bem-vindos.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Apenas Crianças

Ezra uma vez,



Um menino que amava muito uma garota. Eles se conheceram ainda pequenos enquanto estavam no hotelzinho. Ele se apaixonou por aquela menina magra, de olhos verdes, cabelos dourados e ondulados que lhe lembravam o mar num por do sol de uma tarde de verão. Ela era tudo. Aaarh.. Tudo que seus olhos desejavam ver pela manhã, tudo que seu coração temia perder ao fim do dia. Era sua pérola, sua dama, sua paixão, antes mesmo dele saber como pronunciar essas palavras corretamente ou sequer compreender seu conteúdo. Ela era tudo pra ele.

Certo dia, ainda na escola, ainda criança, ao cair da noite, ele decidiu que havia chegado a hora de contar pra ela. Era isso ou seu coração explodiria da próxima vez que a visse. Ele tomou um bom banho, se ensaboou com condicionador, que pra ele tinha um cheiro maravilhoso que lembrava Ela. Tomou coragem depois da ducha e foi até o castelinho de madeira para vê-la. E lá estava. Parecia um anjo, e de fato se o dissessem que era um, ele não duvidaria. Aquela brisa fria da noite, aquele som do movimento das folhas das árvores... Parecia que tudo era ela, todo aquele momento se fez perfeito por causa dela. Tudo era bom.

E qual não foi a surpresa quando ele descobriu que ela também gostava dele!? Noossa..! Seu coração quase toma controle da boca e grita. Mas tudo que ele queria era aquele momento, tudo que importava era aquele momento... Se ele soubesse que aquele seria o último... Acho que nunca teria se permitido amá-la. Mas eram só crianças. E não sei se compreendiam isso. Visto que cresci e ainda não compreendo. Mas não esqueço.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Bidu - Caminhos

A todos que leram Turma da Mônica em sua mórbida infância, sejam bem-vindos. A todos que no intervalo das aulas iam pra biblioteca do colégio, ao invés de jogar bola, e liam aqueles gibis milenares que tinham mais mofo do que páginas, mais uma vez bem-vindos. E a vocês que nunca leram... Bem, vocês já sabem.


O Bidu foi o primeiro personagem da Turma da Mônica criado por Mauricio de Sousa. Daí a importância dessa releitura do personagem que marcou muitas pequenas vidas de pequenos seres humanos vulgarmente chamados de crianças.

Bidu, Caminhos, é uma revista maravilhosa em todos os sentidos. Apesar de não conhecer muito da Turma Da Mônica (visto que, infelizmente, eu não era um garoto que valorizava a leitura e, portanto, não tive o prazer de compartilhar muito dessa experiência) esta é uma das revistas que, com certeza, ficaria no topo, entre as melhores.

Resolvi, contrariando o meu histórico "Turma da Mônico", dar uma chance à minha infância, e adquiri essa revista. Não me arrependi. Conheci o Bidu e o Franjinha, amigos inseparáveis nas séries da Turminha. E foi aí que percebi o quanto havia perdido por não ter lido.

Aqui se conta a História de como Bidu e Franjinha se conheceram. Algo aparentemente simples. Mas a profundidade que os escritores e desenhistas dessa história deram a esses personagens foi incrível. Esperei por uma história infantil, superficial e corriqueira. Mas o que encontrei foi uma obra de arte que nos conta profundamente sobre amizade, ganância, arrependimento, vida, companheirismo e Turma da Mônica. Por que não?

Os detalhes são vivos, e importantíssimos para que o leitor obtenha o máximo da experiência de leitura. A chuva, os pensamentos, as placas, as formas, as cores. Tudo é importante. Portanto, “lights on” (liguem as luzes) e “read up” (leiam).

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Duna

Caladan,

Num tempo e num lugar tão distantes quanto o fim do universo, nasceu Paul Atreides. Um Jovem “príncipe” que tinha um futuro tão conturbado quanto possível. Pois o futuro em si, se sentia à vontade para contar a Paul suas histórias. Na verdade suas probabilidades, possibilidades, incertezas, derrotas, glórias e um propósito terrível.

Filho do Duque Leto Atreides com sua concubina. Uma bela mulher que, como muitas outras, era mais do que os olhos podiam ver. O Duque a amava. E não havia para ele outra mulher além dela. Não era casado por motivos políticos: manter as outras Casas Reais esperançosas quanto a uma aliança poderosa com a Casa Atreides através do casamento. Mas amava aquela mulher. Seu nome era Jessica.

Lady Jessica. Bene Gesserit para os entendidos. Bruxa para todos os outros que não conheciam seu tipo. Uma mulher poderosa, que detinha o controle Da Voz. Uma senhora sábia e cautelosa. Criou seu filho na Doutrina das Bene Gesserit, reservada apenas para mulheres escolhidas. E esse foi seu maior erro. E ao mesmo tempo seu maior acerto.

Duque Leto Atreides. Regente de Caladan. Pai de Paul E inspiração do Povo. Homem justo, sincero, severo e amigo. Governante de seu Lar e de seu Povo. Inspirava alegria, respeito e esperança. Tinha muitas qualidades. Qualidades demais.

Paul Atreides. Jovem e Homem. Muad’Dib. Usul. Kwizatz Haderach. Messias do povo do Deserto. Homem amigo do tempo. Enxergava mesmo sem ver. Sábio, Sagaz, Inteligente, Líder, Seguidor. Filho, Pai e Irmão.

Duna é um Livro simples e complexo ao mesmo tempo. Tudo depende do leitor e da importância que este dá à história. Pode ser a história de um herói para alguns. De um grande líder para outros. E ainda uma obra Filosófica para um número ainda menor de leitores. Duna é, em suma, mais do que um lugar. Duna é o Lar, o compartilhar. Não espere por romances ardentes, Lutas Lendárias ou coisas assim. Espere por uma história sobre nós, contada há muito tempo atrás, sobre um tempo muito além do nosso.

Essa é a história do tempo depois de nosso tempo. Ou de nosso tempo contado de uma forma diferente. É a história de um povo e de sua terra. De um homem e de seu Destino. E do Universo ainda mais complexo do que é agora. Somos nós. Com nossa ganância e arrogância. Nosso amor, nossa paz e nossa guerra.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Tem jeito

Se um dia alguém falar
Que pra ti jeito não tem
Diga logo sem pensar
Que jeito pra mim tem

Que jeito, se jeito não tem?
Espere que vou lhe contar
Da história de um homem
Que levou o meu pesar.

Esse homem de alma vivente
Não se importava a quem falar
Deixava todos contentes
Com apenas um olhar

Um dia chegou a tocar
Um cego que era sofrente
E o caba devagar
Enchergou Jesus em frente

Outra vez trouxeram um coxo
Que nem sequer podia andar
Disse logo: se levante
Pra a sua casa retornar

Falava e mandava levar
O leito de sofrimento
Que um dia guardou pesar
Mas agora só contento

Esse Jesus me deu jeito
Quando jeito eu já não tinha
Falo porque me deleito
Pois A Vida agora é minha.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Quando a gente ama

Quando a gente ama
Tem algo em nós que trama
Algo impertinente

Parece que a nossa mente
Transforma tudo ao redor
Se tá triste vê contente
Se vê triste dá dó.

Eu estou de Volta

Não que alguém se importe! kkkkkk Mas mesmo que esteja e que ninguém se importe, eu sinto uma multidão de olhos atentos a cada letra que esc...